22 de abr. de 2009

Bate-boca no STF é um grito no silêncio

Desde o dia que descobri, ainda na infância, que um juiz é a maior autoridade num tribunal jamais tive coragem de falar, tossir ou olhar nos olhos por muito tempo para aquela figura. Fui a algumas audiências de pequenas causas como réu, testemunha, preposto ou autor do processo. Confesso que aquele juramento todo, aquele clima formal sempre me deixou com um frio na barriga. Não tenho a que temer por crime algum ou deslize, mas em qualquer sala de justiça tenho frio na barriga. A impressão é que se abrir o bico vou ser preso, se contestar alguma coisa vou ser humilhado. É só impressão mesmo, até porque com o tempo a gente vê que não há nenhum mostro naquela posição superior.
Se não há cartão vermelho nem voz de prisão naquela sala, por quê o temor? É verdade que existem todos os tipos de advogados. Tems desde o que usa terno Armani com um supercelular e um lap-top de primeira linha, àquele de pastinha de couro surrada e terno xadrez cheio de caspa e cabelo gorduroso. O mesmo vale para as mulheres. Lindas, cheias de classe, mas geralmente com cara de poucos amigos. As mais populares geralmente são loiras de tailer, batom, unhas e bolsa vermelhas, falam pelos cotovelos, exalam um perfume exagero e estão sempre processando uma empresa de telefonia ou qualquer outra que tenha lesado o consumidor. E o cliente a chama pelo nome. Quando não sabe diz: "adevogada". Prefiro as de calça jeans, mais discretas, mais intelectuais.
Este é o mundo jurídico. Acima estão os desembargadores, presidentes de tribunais, ministros, promotores, procuradores, etc. São pessoas que dominam uma linguagem específica que adoram latir o latin quando deveriam falar a linguagem da população. Isso quando não há erros de concordância, pontuação, ortografia. Mas os boni mores (bons costumes) estão lá. Têm mania de falar difícil e serem prolixos na maioria. Não conseguem ser objetivos, tampouco claros. Dão margem à incompreensão e a ambiguidade nos relatos.
E quando há um bate-boca no STF (Supremo Tribunal Federal) entre os ministros Gilmar Mendes, o presidente da corte, e Joaquim Barbosa? Quem seria capaz de silenciá-los? Eu pensava que a justiça era só cega, mas pelo jeito ela é surda ou vai ficar muda diante de tamanho entrevero vexatório?
Foi um ato Ab irato (No ímpeto da ira) dos dois ministros, um grito no silêncio dos sombrios e austeros tribunais.



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